Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sábado, 10 de dezembro de 2016

E eu...


E eu...
Já a sombra me cobre o chão.
Qual chão, qual sombra?
Como posso ver a sombra 
se não há chão nem lua,
se a noite é breu e eu cega?
Caminho na vereda,
os passos dormem,
a água do ribeiro descansa,
a árvore retrai-se
com o piar do mocho
que lhe pousou em cima.
Sem ver, a árvore assustou-se,
cresceu-lhe um arrepio na raiz,
tremeu o tronco,
balançaram os ramos
e nem uma brisa corria.
Ouvi o som da queda
do gelo que os vestia.
Tive medo, tanto medo!
Ao mesmo tempo
passou-me o gelo na espinha,
o mocho rasou-me o rosto
e muito mais eu tremia.
É mau prenúncio, pensei…
O mocho rasou-me o rosto,
o gelo gelou-me a espinha…
Nem sombra, nem lua nem chão!
Cega, a noite…
E eu…

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016


Gotas



Deslizam gotas do colo
quando te penso.
Serão lágrimas
que se feriram em quedas repentinas,
ou serão pingas de chuva,
 ou serão pérolas de orvalho?

Aí, descanso as penas,
as mãos cansadas,
as gretas que hão-de amaciar,
asperezas  de vidas gastas
 tempo de urgência a passar.

Já o Outono se está a escapar…
e eu que fujo do Inverno
como o diabo da cruz!
Já os rebentos começam a dobrar,
já as vontades enfraquecem,
 já o querer às vezes entorpece,
 já as forças mareiam ao girar.

Segura os minutos às golfadas que dão a frescura!
Prende as horas para que a jornada te renda!
Aprisiona os dias para que a empreitada seja longa
mesmo que a soldada não te seja paga!

Deslizam gotas do colo
 quando te penso.
Cubro de terra as sementes,
 esperança de colheira
vencida que seja a invernada…




(em Mirandês) 
 Pingas 




Sgúbian-se pingas  de l rogaço
quando te penso.
Seran lhágrimas
que se scalabaçórun an caídas repentinas,
ou seran pingas de chúbia,
ou seran pérolas d´ourbalho?

Descanso ende las penas,
las manos cansadas,
 grietas que hán-de amerosar,
coscurones de bidas  a zlir,
tiempo d´ourgéncias a passar.

Yá l outonho se stá a scapar…
I you que fujo de eimbierno cumo diabo de la cruç!
Yá las fronças s´ampéçan a drobar,
yá las ganas se debélgan,
 yá l querer a las bezes s´angaramona,
yá las fuorças maréian a barimbar…

Sigura ls minutos a las golfiadas que dan l tempeiro!
Prende las horas para que la jeira te rinda!
Apeia ls dies para que l´ampreitada seia lharga
anque la soldada nun te seia paga!

Sgúbian-se pingas de l rogaço
 quando te penso.
Acubro semientes,
 sprança de muolo

bencida que seia l´ambernada…

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