Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sou cubata, sou choupana








Sou terra vermelha,

cubata que o sol fez forte

e se vires rombos na pele,

paredes derrubadas pelo tempo,

não me cuides em desnorte,

porque o vermelho é forte

e o barro seco não morre,

como vinho que se bebe,

ou em vinagre se torne



Sou barro vermelho amassado,

cozido em forno de telha,

daquela mesmo vermelha,

com o tempo escurecida

e com musgo revestida.

Sou charrua, sou arado,

por vezes trigueira tombada,

espiga dormida e não grada

 

Sou cubata, sou choupana 

De telhados feitos de colmo

daqueles que beijam a lua,

se deixan beijar pela chuva

e têm olhos de céu.

Porta de verde e de flores

Janelas feitas d´ocasos

por onde entram os respirares 

de pássaros e seus cantares.



Sou cubata, sou choupana

barro ou pedra,

pouco interessa…



 

(an mirandés)



Sou cubata, sou chabola





Sou tierra burmeilha,

cubata que l sol fizo fuorte

i se bires çfolhados na piel,

paredes caídas pul tiempo,

nun me cuides an znorte,

porque l burmeilho ye fuorte

i l barro cozido nun se muorre

cumo bino que se bebe

ou an binagre se quede



Sou barro burmeilho amassado,

cozido ne l forno de la teilha,

daqueila mesmo burmeilha,

cun l tiempo scurecida

i cun mofo rebestida.

Sou xarrua, sou arado,

tanta beç trigueira caída,

an beç de granada, amubida



Sou cubata, sou chabola

cun telhados feitos de cuolmo

daqueilhes que beisan la lhuna,

se déixan beisar pula chúbia

i ténen uolhos de cielo.

Puorta de berde i de flores

Jinelas de çponeres

por adonde éntran ls resfolgares

de páixaros i sous cantares



Sou cubata, sou chabola

barro ou piedra

que mais dá…

Sou cubata

Sou terra vermelha,
cubata que o sol fez forte
e se vires rombos na pele,
paredes derrubadas pelo tempo,
não me cuides em desnorte
porque o vermelho é cor forte
e o barro seco não morre
como vinho que se bebe
ou em vinagre se torne

Sou barro vermelho amassado
com as minhas próprias mãos,
cozido em forno de telha,
daquela mesmo vermelha,
com o tempo escurecida
e com musgo revestida.
Sou charrua, sou arado,
por vezes trigueira, em campo chão
Caída e de grão não grado

sábado, 19 de maio de 2012

ANTES PELO CONTRÁRIO


DANIEL OLIVEIRA: ANTES PELO CONTRÁRIO
Um rapazola a quem calhou serprimeiro-ministro
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Segundafeira, 14 de maio de 2012

"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ouser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também umaoportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, umamobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho
Há pessoasque tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas nãose esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento enão o querem na vida dos outros. São solidárias.Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, elamelhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrerpelos outros. São cruéis. Hápessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, nãodeixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência deque seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram afelicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e ainfelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.
Nãoatribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhumsentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47anos com a experiência social de umadolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidáriocom a inteligência de uma amiba, aprimeiro-ministro com a sofisticaçãointelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante semnunca chegar a perceber que não é parareceberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participamem eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aoscalcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida depessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco".
Sobre acaracterização que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, quenão merecia, pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feitana mesa de um café, escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto quediariamente ainda consigo sentir: comoé que este rapaz chegou a primeiro-ministro?

In Expresso.pt de 14-05-12.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

...São vampiros

São híbridos de cabra e gente
mais cabra quando trepam arranhacéus
mais tudo
quando pastam em vales férteis
de qualquer paraíso.

São vampiros!
São também...
duma mãe, filhos...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Maio

Maio


Vieste
Em dias grandes e soalheiros
Tão quentes e namoradeiros
... Rebentando em viva cor
E embriagante odor

Recebeste-me
Quando os teus braços
Já eram fortes abraços
Fraldas que me embrulhavam
E capas que m´enfeitavam

Floriste
E eu contigo flori
Em berço de giestas cresci
Que as rosas amaciaram
Cum os aromas que deitaram

De rosa brava passei
A papoila toldeante
De risos contagiante
Cabelo escuro a esvoaçar
O que agora a branquear

Trouxe-me a neve Dezembro
Trouxe-me a lavrada Abril
Na minha pele sulcos mil
Mas depois é Maio a mandar
Para com flores tudo apagar

Agora sou flor tardia
Já em tempo de colheita
Duma vida toda feita
De flores, de espinhos e folhas
De decisões e de escolhas

E quando Maio pensando
Que nenhum més me daria flores
Rego-as como quem rega amores
Com a mão amaciados
Em todo o ano medrados

Enquanto me visitares, Maio!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A esperança


Experimenta o voo
quando o corpo te pesa
para sair do beco
que t´aperta
Experimenta a corrida
quando a noite
se estende pelo dia
para o dia fazeres crescer
Experimenta o nado
para as ondas vencer
e o mar obrigar a amansar 

Tantos becos
tantas noites
tantas preocupações se passeiam
nos carreiros destes tempos!

Agarra a luz duma estrela
faz uma cama de nuvem
apanha cores do arco íris
a nascente a anunciar
chuva no dia seguinte
e assim te anuncie
mesmo que frágeis
as manhãs

Hão de espevitar as flores
para enfeitar os andores
destes tempos
desde que todos espevitemos!

Outro tempo se mostrará
com mesa um pouco mais farta
de pão
de carinhos

na serenidade de dar as mãos

Experimenta o voo
mesmo que te pese o voar
Experimenta a esperança
ainda que te custe acreditar

A esperança não morreu em maio
e havemos de fazer colorir
os seus botões desbotados
num campo que se quer
para todos
a verdejar

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