Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

terça-feira, 27 de março de 2012

Desce!!!

Desce
antes que o pedestral se envergonhe
da matéria com que te esculpiste!

quarta-feira, 14 de março de 2012

Onde os sonhos te nascem

Deixa-te levar pelo balançar dos sonhos
sem que te lembres da secura das tuas hastes
e da tempestade
a que o país presta vassalagem.
Depressa o teu jardim será verde,
as tuas flores coloridas,
o teu oco preenchido,
a tua guerra vencida.
Basta que feches os olhos
e te deixes levar
até ao banco dos corais
onde todos os sonhos te nascem.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Não queiras!

Não queiras o teu dia, mulher!
O teu dia são todos, por mérito teu.
Rasga o dia do calendário!
Rasga os poemas dos melosos poetas
cuja pena amanhã está seca!
Desfolha a flor desse dia
e guarda as pétalas no peito
para assim lhe poderes sentir o perfume
nos restantes dias!
Guarda-as!
Amanhã podem estar murchas...
Esvazia na sarjeta
o perfume oferecido
pelo marido ou namorado que te maltrata!
Cospe no sorriso sacana
do patrão que te descrimina
só porque podes parir um filho.
Não queiras o teu dia, mulher!
O teu dia, são todos os dias.
Os que tens no calendário
e aquele que amarfanhaste
na mão de mulher inteira.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O verde de que foi tecido


Houve um campo de trigo
A fustigar-me o rosto
Dum tom aloirado
Em meu peito de estio
E o verde de que foi
O campo  tecido
É gume de foice
Noutro dia em agosto
E querendo o verde
Do campo em meu peito
Rego-o a preceito
Para que não seque
Mas o vento feroz
De tanto fustigar
Secou-lhe a garganta
Agitou-lhe as vestes
E o peito tão verde
Deixou de ser verde
Dobrou-se cansado
Daquele balançar
E levando a sede
Do campo em meu peito
Guardo-a a preceito
E comigo bebe
Bebemos a água
Que restou do estio
Segurando as folhas
Com os braços frágeis
E o campo e o peito
São agora homenagens
À vida tão verde
E o inevitável frio 
E tendo o tapete
Do campo em meu peito
Enrolo-o a preceito
E com ele aqueço



terça-feira, 6 de março de 2012

Só tu

Não te procures para além do espaço
que a tua sombra ocupa
à hora em que o sol está a pique.
Só em ti te perdes e só em ti te encontras
e, mesmo que penses
que a tua coragem te levou mais longe
muito para além do pedaço de terra
que te segura os passos
mesmo que o tua longa caminhada
te tivesse provocado cansaços
foste tu que te perdeste
sempre agarrada a ti própria.
Só tu serás capaz de te encontrar
 dentro de ti mesma
e,... tão perto
tão perto...

Haverá mais mar

Há uma imensidão de mar
entre o vermelho do crepúsculo
e o alvorecer dos sonhos
quando de olhos fechados te vejo
içando velas
endireitando o leme
levando o veleiro a um cais sereno.

Há uma imensidão de crepúsculo
dizendo adeus ao meu adeus
quando o dia me morre nos dedos
e a lembrança se atiça nas silhuetas dos montes
onde me nascem poemas
onde sinto o eco das águas
da ribeira em suicídio
nas escarpas dum vale fundo
onde um rio retrata cegonhas negras
nos seus espelhos
e o rouxinol amedrontado se fica
por sentir vertigens no soletrar
duma canção por cantar.

Haverá uma maior imensidão de mar
quando o rio se lhe lançar nos braços
e o rouxinol cantar
dentro da frescura dum salgueiro
da ribeira
que para trás ficou
e se fez lago
para se lançar ao rio
na secura do estio
e nele se desfazer em espuma

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