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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 6 de novembro de 2011

Por entre os raios de sol


Passeio por entre os raios de sol à medida que eles me deixam espaço  por entre as gotículas de geada, descongeladas à pressa para o sol saciar a sede, pela manhã.
O colchão rubro e amarelo acaricia os meus passos e, o dia entra por mim adentro arrancando de mim a tristeza acumulada dos dias pardacentos.
No alto, lá no cimo do monte onde o céu me chega mais nítido, mais azul, mais brilhante e o sol  me escurece  as lentes progressivas,  eu vejo o mundo, o mundo que achava meu na infância e o único mundo que conhecia. Agora, com os óculos que escurecem na proporção da intensidade do brilho, para que os meus olhos não se envergonhem e os pés de galinha não formem sulcos, o meu mundo é outro, bem maior, mas é também  este o meu mundo e, quando subo ao monte, o mundo maior cabe neste meu mundo do tamanho de um círculo com poucos quilómetros de raio.
Lavei as dores dos últimos dias sem sol; lavei-as com as gotinhas que se formam no chão à medida que a geada se espreguiça, se recolhe por entre os fenos secos que restaram do verão quente e o veludo da erva que está nascendo após as chuvas da sementeira.
Lavei o olhar nas cores acres e rubras do planalto. Fixando melhor o olhar, consigo retirar pequenas manchas castanhas e verdes,  discretamente  verde,  e, comecei a sonhar com as searas ondulantes na Semana Santa, salpicadas de papoilas em Junho e de oiro sob o calor do coração do verão.
Lavei a alma e o coração. Lavei-os neste cenário que se me abre em leque duplo completamente aberto.  Aquela, tornou-se leve; este, reaprendeu a bater compassadamente, ao ritmo certo, com a pressão adequada, fazendo correr no corpo, a força que baste a cada circunstância.
Em pequenos goles, fui sorvendo o meu mundo, redondo, doce, e fui-o petiscando migalha a migalha, o mais lentamente possível, para que dele as papilas gustativas retirem um sabor  mais intenso e requintado.

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