Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sábado, 30 de abril de 2011

Este céu








Hoje
Pesa-me o céu no meu peito
Dum cinzento que me abate
Porquê que às vezes o céu
Se me envolve que nem véu
Toque de sinos a rebate
Dum sonho que foi desfeito.

Ontem
Vi-o leve, nem sabes quanto
Desse céu que aquece e acalma
Encheu-me de luz, de ternura
Do corpo tirou a desventura
Apagou a tristeza da alma
Um céu bebedor de pranto.

Amanhã
Será azul forte ou claro
Cerúleo ou azul indigo
Um céu a forçar-me à luta
À força, à esperança, à labuta
Sempre terno, sempre amigo
Um céu companheiro amado.

Este céu onde me evado
Onde sonho, onde me elevo
Onde de manhã me lavo.








quinta-feira, 28 de abril de 2011

Com Manuel Alegre

Bendita sejas tu porque mulher
bendita sejas não porque te dás
mas porque o teu prazer é o meu prazer
e só no teu prazer encontro paz.


Correrão muitos rios mas o teu
é o que me leva às águas do baptismo
contigo em cada orgasmo eu subo ao céu
noite a noite contigo eu vejo o abismo.


Corre o Jordão e o Tigre os rios correm
contigo em cada orgasmo eu me baptismo
contigo noite a noite a dor e o riso.


Nas curvas do teu corpo os diabos morrem
bendita sejas tu porque me levas
onde a luz do prazer nasce das trevas.






Gostava de morar na tua pele
Desintegrar-me em ti e reintegrar-me
Não este exílio escrito no papel
Por não poder ser carne em tua carne.


Gostava de fazer o que tu queres
Ser alma em tua alma em um só corpo
Não o perto e o distante entre dois seres
Não este haver sempre um e sempre o outro.


Um corpo noutro corpo e ao fim nenhum
Tu és eu e eu sou tu e ambos ninguém
Seremos sempre dois sendo só um.


Por isso esta ferida que faz bem
Este prazer que dói como outro algum
E este estar-se tão dentro e sempre aquém.



Eu não sei se me salvo ou se me perco
Ou se és tu que te perdes e me salvas
Só sei que me redimo quando peco
E corpo a corpo ao céu vão nossas almas.



Manuel Alegre
Sete Sonetos e Um Quarto
Desenhos de João Cutileiro
Dom Quixote, Lx, 2005

quinta-feira, 21 de abril de 2011

“Sonidos de l Silenço” para çcubrir an Miranda anté l fin de maio

Salido ne l Jornal Nordeste l die 19 de Abril



“Sonidos de l Silenço” ye l títalo de la sposiçon de pintura que abriu l atrasado die 8 de Abril i bai a star anté l fin de Maio na Biblioteca Munecipal de Miranda de l Douro. Son arrimado a ua dezena i meia de quadros de Adelaide Monteiro, artista mirandesa nacida na Speciosa, que para alhá de pintora tamien ye poetisa, habendo publicado yá l sou purmeiro lhibro de poesie, “Antre Monas i Sbolácios”, an mirandés, la sue purmeira lhéngua.
Fui un gusto oubir a Adelaide Monteiro a apersentar ls sous quadros a las trés dezenas de pessonas persentes naquel spácio nobre de la cidade i a cumbidar todo mundo a çcubrir ls sonidos que cad’un quejir na sue obra, lhembrando que hai sonidos que solo podemos oubir ne l silenço. Para alhá de las rebelaçones subre algua de la simbelogie persente ne l quadros, l que regala l’alma ye sentir l antusiasmo i la paixon que reçuma de l sou çcurso subre ls sous quadros i l ato de pintar.
“Ye alegórica i romántica esta pintura, talbeç mais sonhadora que bisionária, chena de símbolos i referéncias a la mulhier i a ua tierra. Uas bezes porbocadora, a abanar cumbençones sociales, outras serena i nostálgica…” ye cumo Amadeu Ferreira mos apersenta la obra de Adelaide Monteiro ne l catálogo que acumpanha la sposiçon.
Anabela Torrão, bariadora de la Cultura de la Cámara de Miranda de l Douro, dixo-mos star mui cuntenta por tener l perbileijo de poder oufrecer als mirandeses registros culturales de eilebada culidade, an special estes protagonizados por filhas de la tierra, más inda quando yá stan treminadas feturas sposiçones de las obras de Balbina Mendes i de Fernando Nobre, outros eilustres artistas mirandeses.
Merece ua felicitaçon la Cámara Munecipal, por apostar ne ls mirandeses i queremos deixar eiqui ls parabienes i l nuosso muito oubrigado a Adelaide Monteiro, por alhebantar tan alto la proua de ls mirandeses. Feliç tierra que filhas destas ten.

Alfredo Cameirão

terça-feira, 19 de abril de 2011

Os meus versos

Vendi os meus versos
Ao desbarato
Numa feira, em promoção.
Leiloei-os
Mas entreguei-os
Na primeira licitação.
Agora sinto pena
Paridos com tanta dor
Estão já cheios de bolor
Traça e pó
Para serem vendidos
Como antiguidade
E terem algum valor.
Mal sabe o feirante
Como eles são irreverentes…
Irão sacudir a poeira
E livrar-se do bolor
De novo as rimas farão
E a fugir gritarão
Adeus!
Vamos embora da feira!

sábado, 16 de abril de 2011

Da minha exposição de pintura, " Sons do Silêncio"






A inauguração foi no dia oito de Abril, na Biblioteca Municipal de Miranda do Douro, na companhia de alguns amigos e da minha família.A Câmra serviu um "porto de honra" e a saborosíssima bola doce, típica da região. Poderá ser visitada até 30 de Maio.
Durante o Festival Intercéltico e até fins de Agosto, estará em Sendim.


Adelaide Monteiro é professora aposentada, da área de contabilidade e gestão, nascida em Especiosa [1949], Miranda do Douro.
À escrita e à pintura, o escape das tensões da vida citadina, paixões sem as quais já não é ela mesma, dedica-lhes o principal do seu tempo, passado entre a sua Especiosa natal e Sintra, fontes por onde jorra a sua alma insatisfeita.
Em 2010 editou o seu primeiro livro de poesia, Antre Monas i Sbolácios, escrito em Mirandês, a sua primeira língua.
Sons do Silêncio é o tema da pintura que agora apresenta, tema tão abstracto, quanto poético, nascido em cenários de viagens de sonho às suas raízes, ao seu mundo, real ou imaginário, convidando o espectador a procurar nas nuances e traços das suas pinceladas, os sons que só do silêncio podem nascer.





Texto do catálogo, escrito por Amadeu Ferreira



Sons do silêncio

Pode parecer estranho o título desta exposição – Sons do silêncio – mas ele abre-nos a porta certa para os caminhos por onde segue a pintura de Adelaide Monteiro. Nada percebo de técnicas de pintura, aqui saltando entre a espessura do traço nervoso e a leveza suave das transparências, e a pintora sabia isso quando me convidou para escrever umas palavras sobre esta exposição. Por isso, seguirei os olhos, aqui dando nota do seu espanto, das suas perguntas e das paisagens onde me levarem estes miradouros de Adelaide Monteiro.
É esta uma pintura sem rostos, mas de ideias, de sons, de um convocar os sentidos muito além da pele, poesia sem palavras, misturada nos sons que se elevam do silêncio das cores e das formas. Rostos para quê, se é uma representação onírica do real que vem ter connosco? É alegórica e romântica esta pintura, talvez mais sonhadora que visionária, repleta de simbolos e de referências à mulher e a uma terra. Por vezes provocadora, a mexer com convenções sociais, outras calma e nostálgica, mas que não há muito tempo levou a censura a mostrar o seu rosto tirânico, inculto e insensivel. AS mulheres de Adelaide Monteiro ora nos aparecem a saltar do seu corpo nu e apaixonado, ora transformadas em símbolos, feitas viola ou violoncelo, cântaro ou a imprevisível alquitara, grávida de uma aldeia branca, nevada, virgem de passos, mulheres que tanto gritam o seu erotismo, pura sedução de romã em convite grão a grão, como acolhem em seu calmo colo maternal, ou desaparecem em puro voo, muito para além de mãos e olhos, por céus onde possam ser ultrapassados todos os limites.
As imagens que Adelaide pinta apenas querem ser a porta para outros mundos, um modo de materializar ideias, sons, sentidos, sentimentos, tudo puramente imaterial, que não se deixa agarrar pelos pincéis, mas pode voar pelas cores, indecisas estas entre o escuro da dureza da vida e os brancos transparentes e azuis de luz e de futuro. Tudo isso se concretiza por vezes numa pintura um pouco enigmática, onde parece vir acima uma certa educação de que as mulheres de Adelaide fazem gala em se libertar, vingança por andarem para trás os anos e a juventude. É, portanto, uma pintura de memórias, por vezes opressivas, onde a Sé se ergue como um marco, mas também memória de tempos simples, de uma aldeia que morreu e apenas vive dentro da pintora, de um rio que nos ensinou a força dos impossíveis e nos leva com ele, ou de um cântaro cheio de searas em puro fogo, pão que o diabo amassou e um céu num outro mundo.
Por que razão olhamos para duas maçãs pintadas e não vemos apenas maçãs, entranhando-se uma na outra, em posição contrária uma à outra, aproveitando a sua vida, a sua frescura, antes que o verme, essa essência fálica reduzida ao mínimo, as deite a perder, as fertilize?
Quando mãos encavalitadas se estendem, já não sabemos muito bem se ajudam e apoiam ou se apenas procuram luz, talvez paz, fuga de um inferno ou de uma negra noite que as deixa entregues a si próprias, mãos duras, escuras e calosas.
Um dos mais emblemáticos quadros da exposição é a alquitara com a aldeia dentro, pintada como um corpo quente de mulhier grávida, que a leva no seu ventre como se fosse um filho. Quando dela sai, vem destilada pelo tempo que a nevou como se essa fosse a via para a conservar, fresca e menina, e melhor poder passear na sua rua que atravessa o mundo a meio.
Não é o mundo que Adelaide pinta, mas apenas os seus mundos, os seus sonhos, as suas aspirações, o tempo que a viu atravessar épocas e continentes. Uma pintura de interiores onde se sente que a pintora esbraceja com falta de espaço, em busca de uma serenidade que o tempo é avaro em trazer.

Amadeu Ferreira

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tarde Mirandesa an Sintra - 17 de Abril a las 15 h. A cumbite de la Eiditora Zéfiro TARDE CULTURAL MIRANDESA Música, Palhestras, Poesie i Lhiteratura an Mirandés NA “CASA DO FAUNO”, AN SINTRA: www.casadofauno.wordpress.com www.facebook.com/casadofauno 17 Abril, 15h-18h (Demingo) - Antrada Lhibre Música tradecional mirandesa cun gaita-de-foles (José Galvão), caixa i bombo. Apresentaçon pública de la coleçon An Mirandés, cula perséncia de bários outores yá publicados nessa coleçon - cumo Alcina Pires, Adelaide Monteiro, Bina Cangueiro, Faustino Antão i Fonso Roixo - i anúncio de perspetibas feturas i nuobas obras de la coleçon. Poesie i lhiteratura mirandesas, lidas puls sous outores. Palhestra: "Lhiteratura mirandesa: passado, persente i feturo" por Amadeu Ferreira Palhestra: "L ansino (nun oufecial) de la lhénguia mirandesa" por Francisco Domingues NOTA: La CASA DO FAUNO ye la nuoba sede de la Eiditora Zéfiro i queda mesmo delantre de l coincido Palácio de la Regaleira. Aparece i lhieba un amigo a ber se fazemos ua guapa fiesta i cumbíbio.

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