Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sábado, 29 de maio de 2010

Surrealismo, ou nem tanto...

Prendem-se-me os versos agarrados aos dedos e não sobem com o vento.
Prendem-se as pernas agarradas aos dias e não sobem ao campanário.

Se eu tivesse desprendimento e não gostasse de usar anéis, rifava os dedos numa daquelas rifas de instituição de solidariedade em que se levam todos os trastes que não cabem nos armários das recordações. Os trastes dos meus dedos incluindo o indicador que nenhuma falta me faz que a minha mãezinha logo de pequenina me disso que é feio apontar. Até o mais pequenino ia, que agora há cotonetes para limpar a cera do ouvido. Mas ainda assim, anda por aí muita gente com os ouvidos entupidos...

Se eu tivesse pernas, ia daqui a Guimarães buscar outras mais leves, feitas das sobras da madeira dos cabos das facas, ou dos cornos que também há facas de cabo de corno, sem ofensa para ninguém, sim, porque as minhas facas ou antes as minhas pernas não são facas que cortem em seara alheia.

Pois é, já me baralhei
com facas e baldrocas,
com estas e muitas outras,
já me fizeram esquecer,
o que me trouxe aqui...

Os versos para subir ao campanário ou as pernas para subir com o vento? Ou seria antes, os versos para lançar ao vento e as pernas para subir ao campanário?
Será que o desnorte já chegou às pernas e aos versos?

Ah, pois foi!...
As letras que serviriam para fazer os versos, comeram-nas nas duas extremidades até chegar ao tutano.
Os versos? Nem um! Foram parar todos ao orçamento do livro e do livro, nem uma folha!

As pernas agarraram-se ao canastro do corpo e disseram:
Ah, pernas para que vos quero! Vamo-nos pirar daqui!... Com o que andam a tirar viramos cabos para facas!...

Arre que é demais! Não há maneira de meterem a faca no texto grande para deixarem os pobres versos em paz!

Estou cada vez mais baralhada!...

Vou voltar ao início porque, lembrei-me agora, o que eu queria era subir ao campanário a tocar os sinos a fogo que esta merda está a queimar-me os versos...
Ou serão as pernas que estão a arder?

Porquê que a palavra merda me fica sublinhada no texto, quando a escrevo?
Já sei,... o sublinhado reforça a ideia... O computador é esperto...

2 comentários:

  1. "Prendem-se-me os versos agarrados aos dedos e não sobem com o vento.
    Prendem-se as pernas agarradas aos dias e não sobem ao campanário."

    Muito bonito, Adelaide.

    ResponderEliminar
  2. Um texto/poema sentido até ao tutano.
    Obrigada pela visita, Madalena.



    Beijinho

    Adelaide

    ResponderEliminar

Seguidores

Arquivo do blogue