Acerca de mim

A minha foto
Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Algarve- A 1ª Impressão

Ouve-se muitas vezes dizer, “não gosto do Algarve”. Eu própria já o disse nos finais da década de setenta, princípio dos anos oitenta.
Partimos os quatro, o meu marido, eu e os nossos dois filhos, o mais velho com quatro anos, o mais novo com dois. Partimos de Mirandela, seguindo para Lagos no outro extremo sul. Um Fiat 128 carregado com a tenda e toda a tralha necessário para o campismo e as vestes suficientes para um mês, panelas, aquelas coisas da cozinha para evitar comprar lá, porque o dinheiro era preciso esticá-lo para mal chegar.
O Ricardo tem que fazer praia por causa da rinite e da asma alérgica, dizia-nos o alergologista e, estas palavras custavam-nos uma pipa de massa. Tínhamos experimentado o norte mas era frio, muito frio, não só a água como também a noite dos parques. Havia sempre muita quantidade de roupa para lavar, porque os miúdos muito se sujavam e era mais do que natural com a terra leve e escura no meio dos pinheiros. Lembro-me, na Nazaré, ter ficado com um pulso aberto de tanta roupa lavar à mão.
Assim, decidimo-nos pelo Algarve durante o mês de Agosto. Inteirinho, de um a trinta e um sem tirar nem pôr. Saímos às dez da noite e chegámos a Lagos de manhã.
Não imaginávamos que o Algarve era tão concorrido e que no Algarve éramos tratados abaixo de cão. Assim foi connosco e o era, com quase todos os portugueses.
Tenda montada, cozinha edificada, avançado para as refeições, um fio para secar a roupa e lá estávamos nós preparados, para ficar no hotel /parque com pensão completa.
Quem fez campismo com crianças sabe perfeitamente que as compras dos víveres são diárias.
O Zé passava as manhãs nas filas para comprar o gelo para a mala térmica, peixe, legumes, pão, etc., etc… Chegava ao parque à hora de eu começar a fazer o almoço, sopa incluída, todos os dias. À tarde íamos para a praia, logo a seguir ao almoço porque nessa altura ainda não se sentiam os efeitos do buraco do ozono.
Houve um dia, pelo menos esse, em que fomos antes do almoço. Devo ter preparado qualquer coisa para meter na mala térmica para nós e para as crianças. Nunca mais me pude esquecer desse dia. Na praia ficámos vizinhos duns jovens casais do Porto, tal como nós com filhos e tal como nós, almoço na marmita. Comemos, conversamos, partilhámos os almoços sempre em amena cavaqueira. Chegou a hora do café e lá fomos ao bar/restaurante da praia. Seis cafés, pedimos ao balcão.
Só servimos cafés a quem almoça, respondeu-nos o empregado. Todos nortenhos naquele fim de mundo que afinal já não era o nosso país.
Educadamente procurámos contrapor que isso não fazia sentido e que não saímos dali sem tomarmos os cafés. Ele continuava na sua. Até que, um dos jovens do Porto com aquela pronúncia característica disse: Ou você nos serve os cafés ou bou ao carro buscar uma marriêta que lha fodo esta merda tuôda!...
O empregado, acagatado, foi falar com o patrão, e este disse-lhe que nos servisse os cafés.
Na verdade ninguém gosta de ser tratado assim e muito menos no seu próprio país. Jurei que nunca mais havia de por os boots no Algarve.
Não cumpri o juramento. Em Maio de oitenta e cinco fomos convidados para a festa de inauguração de uma casa de um casal amigo, fomos de autocarro fretado para o efeito, uma festa animadíssima. Lembro-me que o autocarro entrou em Armação de Pêra para vermos a praia e de pela primeira vez ter visto alfarrobeira, quando, na região de Silves perguneti ao meu marido o que era aquela árvore. Depois, fomos para casa deles sem que eu fizesse a mínima ideia onde se situava.
Apercebi-me à tarde, quando os quatro saímos para tomar um café e, olhando para trás num altinho, vi o mar. Que maravilha, pensei!...
Em Setembro, o casal emprestou-nos a casa para passarmos quinze dias de férias. Adorei, aliás adoramos todos, incluindo o meu pai que também estava connosco. Nunca mais deixámos de vir aqui. Sou uma transmontana que se sente aqui como se da minha terra se tratasse e, quando alguém me diz que não gosta do Algarve eu penso que já não haverá razão para não gostar, a não ser que estejam cá no mês de Agosto num daqueles sítios muito frequentados e horríveis com é por exemplo a Quarteira, Armação e muitos mais. Nós nunca passamos cá o mês de Agosto. Esse é para estar na aldeia, em Mirando do Douro.
Aqui continuamos a vir a este sítio pacato a quatro quilómetros da praia, sem confusões, sem barulho, uma paz quase semelhante à da minha Especiosa, onde da mesma forma ouço as cigarras, vejo o céu estrelado e acima de tudo contemplo o mar lindíssimo e me evado tantas vezes.
Ontem à tarde fizemos um giro pela Serra de Monchique, mesmo até a Fóia, a novecentos e vinte metros de altitude. Nunca lá tinha estado, tinha ido só até Monchique. É uma maravilha a paisagem que de lá se pode comtemplar!...
Depois irei escrever sobre isso. Adoro o Algarve.

sábado, 29 de maio de 2010

Surrealismo, ou nem tanto...

Prendem-se-me os versos agarrados aos dedos e não sobem com o vento.
Prendem-se as pernas agarradas aos dias e não sobem ao campanário.

Se eu tivesse desprendimento e não gostasse de usar anéis, rifava os dedos numa daquelas rifas de instituição de solidariedade em que se levam todos os trastes que não cabem nos armários das recordações. Os trastes dos meus dedos incluindo o indicador que nenhuma falta me faz que a minha mãezinha logo de pequenina me disso que é feio apontar. Até o mais pequenino ia, que agora há cotonetes para limpar a cera do ouvido. Mas ainda assim, anda por aí muita gente com os ouvidos entupidos...

Se eu tivesse pernas, ia daqui a Guimarães buscar outras mais leves, feitas das sobras da madeira dos cabos das facas, ou dos cornos que também há facas de cabo de corno, sem ofensa para ninguém, sim, porque as minhas facas ou antes as minhas pernas não são facas que cortem em seara alheia.

Pois é, já me baralhei
com facas e baldrocas,
com estas e muitas outras,
já me fizeram esquecer,
o que me trouxe aqui...

Os versos para subir ao campanário ou as pernas para subir com o vento? Ou seria antes, os versos para lançar ao vento e as pernas para subir ao campanário?
Será que o desnorte já chegou às pernas e aos versos?

Ah, pois foi!...
As letras que serviriam para fazer os versos, comeram-nas nas duas extremidades até chegar ao tutano.
Os versos? Nem um! Foram parar todos ao orçamento do livro e do livro, nem uma folha!

As pernas agarraram-se ao canastro do corpo e disseram:
Ah, pernas para que vos quero! Vamo-nos pirar daqui!... Com o que andam a tirar viramos cabos para facas!...

Arre que é demais! Não há maneira de meterem a faca no texto grande para deixarem os pobres versos em paz!

Estou cada vez mais baralhada!...

Vou voltar ao início porque, lembrei-me agora, o que eu queria era subir ao campanário a tocar os sinos a fogo que esta merda está a queimar-me os versos...
Ou serão as pernas que estão a arder?

Porquê que a palavra merda me fica sublinhada no texto, quando a escrevo?
Já sei,... o sublinhado reforça a ideia... O computador é esperto...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

...no meu firmamento

Numa noite de Verão
sentada no alpendre
fiz uma serenata à lua.
Enquanto a mirava
pousei a guitarra
e ela, indiscreta
deixou-se cair
para ver
que som era aquele
que tanto a encantava.

Pegou na guitarra
e eu peguei-lhe nos mares
e reparei que eram
camas macias
cobertas com as nuances
em tecidos de seda
flutuando com o vento.
Coberta com a brisa
ofereci-lhe guarida
no meu firmamento...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Solta a rédea


Caminhas de cabeça baixa
Desatando os nós de uma teia
Que a vida às vezes tece.

Para que perdes tempo a desatar
Se mais depressa é cortar!?

Corta tudo num repente
Com uma faca afiada
Corta rente!
Olha que o tempo
Não espera
Nunca por ti, para nada.

Acende a fogueira dentro
Com erva seca, que seja!
Corta os medos
Deixa que o vento
Te atice a tua fogueira.

Solta o grito
Que tens encarcerado
Solta a rédea do cavalo
Solta o cabelo para ir voando
E por esses montes fora
Galopa
Mas sempre saboreando...

Galopa...
Como o tempo!

terça-feira, 25 de maio de 2010

Secas...

Há nuvens negras a poente
Onde Vénus se deitou.
As flores estão cansadas
Do jardim
Dos aditivos
Dos cortes
Das fomes
E da primavera
Que não as amou.
Estão secas as flores...

Irreverentes versos

Vendi os meus versos
Ao desbarato
Numa feira em promoção.
Leiloei-os
Mas entreguei-os
Na primeira licitação.
Agora sinto pena
Paridos com tanta dor
Estão já cheios de bolor
Traça e pó
Para serem vendidos
Como antiguidade
E terem algum valor.
Mal sabe o feirante
Como eles são irreverentes...
Irão sacudir a poeira
E livrar-se do bolor
De novo as rimas farão
E a fugir gritarão
Adeus!
Vamos embora da feira!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Com os cabelos de oiro

Estava careca como nunca estivera antes, tão amarela como se fosse Outono.
Até lá, crescera como se respirasse trópicos com a voracidade de jovem a ondular a saia; de tanto desejar passou do limite, cresceu em volúpia, comeu terra alheia.
Crescia viçosa como se respirasse o Equador. Naquele crescer ultrapassou as regras, engrossou raízes, em pátios foi toupeira à procura de mais alimento.
Sem que alguma vez lhe tivesse passado pela ideia, foi-lhe cortada uma raíz da grossura de um ramo, aquela com que se aventurara a comer o que não lhe pertencia, aquela com que ao passar levantou o pavimento do pátio.
Floriu como nunca, dizia eu. Depois percebi que a quantidade das flores não aumentara o que tinha aumentado era a calvíce. Foi o declício, caiu-lhe o cabelo aos montes. Cada vez que a brisa lhe passava as mãos pelos cabelos era vê-lo a soltar-se, loiro cheio de pólen.
Um choque vitamínico foi-lhe prescrito para lhe salvar a vida.
Faz-me falta ali, ao sair da cozinha, para a ver logo que me levanto, verde, brilhante, bela. Com ela viajo para longe, respiro outros ares, deito-me em praias quentes e desertas. É por isso que a cada passo lhe ponho as vitaminas no prato para, a todo o custo a salvar.
Rebentos tenros começam a surgir, esperançados de que irão cobrir aquele tronco nú.
No diário que escreve, relativamente ao dia 7 de Outubro, lia-se. “ Hoje sofri o maior horror da minha vida e que me marcará para sempre; sofri uma mutilação atroz. Provavelmente sucumbirei a uma hemorragia ou a uma infecção e, no caso de sobreviver talvez não mais possa dar frutos.
Se não resistir ao golpe que me infringiram, levem ao menos as minhas cinzas para África, de onde nunca deveria ter saído, onde as minhas irmãs continuam a crescer livremente, sem que em cima das suas raízes lhes plantem pátios de cimento com um palmo de espessura.”
Quando acabei de ler, olhei para cima e reparei que havia já pequenos frutos de abacate a formarem-se e que as folhas começavam a encher-lhe as suas vaidades.
Talvez os frutos ainda se desprendam por tão fraca estar a mãe. Quem sabe...

Havia...

Havia uma ilha
Em teus olhos
Vegetação densa fresca
Areia dourada quente
Havia oceanos.
Os mares!
Os mares eram mãos
De carícias feitos
Postas no meu medo
Do naufrágio.
Na tua ilha
Havia um farol...

sábado, 22 de maio de 2010

E...assim ficámos

Envolvemo-nos,
eu e tu.
Eu gelada à procura de aconchego
tu quente, reluzente e audaz
envolveste-me para me aquecer.
Rolámos com loucura de apaixonados,
beijámo-nos com a sede
dos perdidos no deserto
e...
assim ficámos.
Despeitado,
lançou-se contra nós
a espumar de raiva,
sugou-nos com as suas ventosas
depois de ter arrancado tudo quanto
encontrava pelo caminho.
Até os búzios deixaram de emitir sons.
Subestimado,
feriu-me,
arrastou-me pelos cabelos
e a ti,
arrancou-te da cama quente.
Gelada,
perdi o fôlego e os sentidos
e os cabelos de tão pesados
obrigaram-me a ir ao fundo,
ao fundo
dos medos que eu julgava vencidos.
Gritou-me com o ódio do ciúme
e, com desprezo vomitou-me
emitindo um som medonho.
Foi aí que te encontrei
areia quente.
Abraçada a ti
perdi o medo, o frio,
recuperei os sentidos
e...
assim ficámos
envoltas em brisas.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Quero falar-te de silêncio




Hoje quero falar-te de silêncio,
deste silêncio do ventre
das madrugadas primaveris,
dos aromas dos jardins,
do cântico dos rouxinóis.
Quero falar-te do silêncio
que por vezes sinto
mesmo no meio de multidões.
Sabes?
Enquanto viajava na cidade,
ontem pintei o silêncio,
colorido,
pinceladas livres.
Eu diria que era incapaz
de pintar o silêncio!
Mas pintei-o!...
Pintei-o
numa carruagem cheia de gente
e eu,...
que não vi gente nenhuma.
Em silêncio parti para outro lugar;
saí num apeadeiro,
acompanhada de pincéis e uma tela.
Foi aí que pintei um silêncio,
e,
embora debaixo do solo,
foi pintado com a luz do sol.
Num percurso sem paragens
segui pintando, pintando...
Depois,
um chiar de travões
devolveu-me ao mundo
e li o nome da estação de Metro.
Estava já longe,
como no sonho
seguira...
Inverti o sentido da caminhada
entre a multidão apressada.
O sonho partiu, e eu parti
de regresso a casa.
Depois,
peguei nos pincéis
e pintei-o aqui...
no silêncio da madrugada.

sábado, 15 de maio de 2010

Os Nús em Mirandela

Uma bomba caiu sobre Mirandela... Mais uma bomba sobre o recato daquela gente que pensa que é mais digna que os outros só porque não posaram para a Playboy ou não pintaram nús artísticos. Mais uns nús a dar que fazer a mais uma vereadora, falsa moralista...
Faço ideia de como se babaram a ver aquele corpo escultural, sim, babados os homens...
Que se preparem as legítimas que terão pela certa ceia redobrada por causa das fotos que lhes serviram de motor de arranque aos respectivos...
E as mulheres? Os professores têm que dar o exemplo de boa conduta, dizem. Mas será que essas senhoras armadas em moralistas serão mais dignas que a professora que posou para a revista em poses artísticas. Não será por inveja por não terem um corpinho escultural?
Santa ignorância!
Essa gente não sabe nem sequer imagina o que é arte. Foi essa mesma Câmara através duma vereadora da cultura que também, a pretexto de serem de nús me retirou dois quadros duma exposição.
O senhor Presidente da Câmara já deveria ter aprendido que o nú artístico é artístico e pronto, está tudo dito...
Pelos vistos, pelo facto de não se ter candidatado a vereadora a senhora que me censurou os meus quadros a equipa não é mais vanguardista.
Dizia ele referindo-se àquela vereadora num jornal: A vereadora fulana de tal agiu assim porque é uma pessoa com ideias muito retrógradas. Ó senhor presidente!!! O senhor afinal continua também a ser retrógrado ou então não manda nada... Quem é que tem calças na Câmara de Mirandela???!!!
Sabe o que lhe diria se a encontrasse, a si professora que ousou despir-se: dê a cara, apareça a defender-se porque na verdade não tem de que se envergonhar, o corpo é seu e por sinal bem bonito e é livre de fazer isso e muito mais desde que não seja no âmbito das suas funções docentes. Por acaso as fotos saíram nos livros de ponto dos alunos? Aproveite essa breve fama e olhe, vá em frente e veja se consegue enveredar por outro caminho que esse seu futuro de professora de complemento curricular com contrato feito pela Câmara não lhe vai dar estabilidade, vai continuar contratada e o que ganha nem lhe dá para comprar uma tanga erótica para fazer outra sessão de fotos e quando se der de conta está um canastrão.
Aproveite os cinco minutos de fama e os euros que lhe puseram à sua disposição e dê um salto bem alto e mande-os para a... que os pariu, cambada de moralistas bacocos e ignorantes castradores.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Quando eu partir



Quando eu partir
apaga as pegadas
que deixei na lama,
acende a fogueira
e queima a cama
onde dormi.
Que importa o cheiro
que nos lençóis ficou,
que importa o ar que sobrou,
que importam
os rabiscos desenhados,
os poemas pintados,
os sonhos despedaçados,
os ais desperdiçados.
Quando eu partir
não me vás chorar
porque as lágrimas
já não molham os meus mares
e os beijos
já não beijam as minhas brisas.
Quando eu partir
lembra os meus olhos
quando ainda te sorriam...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Divagações sobre a crise

Tudo começou com a grande crise financeira americana, essa descalabro financeiro que as agências de rating não preveniram por falta de uma análise criteriosa e atempada e que com ele arrastou outros Estados, nomeadamente da Europa, mas não só, devido aos negócios financeiros em cascata.
Essas mesmas agências de rating, que nada fizeram para prevenir a crise na América, ( são todas americanas) vêm agora dizer, e, segundo consta, com estudos feitos em cima do joelho, que Portugal e Espanha estariam com o risco igual ao da Grécia, de incobrabilidade das dívidas, quer a nível público, quer privado.
Com esta notícia o euro desceu, o dólar subiu, o que aliás interessa aos EUA, que com tudo isto o dólar saia fortalecido e, se possível o euro deixe de existir. Assim o dólar poderia voltar a ser como quase sempre foi, a moeda que ditou regras nos mercados financeiros e comerciais.
Porquê que não há agências de rating europeias? Claro que traz água no bico, só pode trazer, mas agora vou divagar por outro caminho.
A Europa arrepiou-se, os estados mais ricos, nomeadamente a Alemanha pela voz de Angela Merkel torceram o nariz à necessidade da constituir o fundo de coesão para ajudarem os Estados em dificuldades. Depois houve acordo, a União é isso mesmo.

Em parte, eu pessoalmente compreendo a Alemanha e o seu povo que se levantou dos escombros das guerras e da vergonha, sozinho, tudo devido ao seu modo de ser metódico, contido, lutador.
Os nossos eurocépticos já esfregavam as mãos perante a iminência de o euro deixar de existir, como se nós, país pequeno e encostado ao mar que pouco nos dá, pudéssemos sobreviver orgulhosamente sós…
Está na hora de arregaçarmos as mangas para sair da crise e, saindo vitoriosa a Europa, como se espera, ela sairá reforçada. Há crises que em bem chegam, para que se acorde e olhe para o porquê das coisas e, para futuramente não se repetirem os mesmos erros.
Houve já o compromisso por parte dos três Estados da adopção de medidas apertadas com vista à diminuição drástica do défice até ao fim de 2011.
No caso de Portugal a Comissão Europeia exigiu a aplicação de medidas, muito para além das que constavam do PEC.
José Sócrates reuniu com Pedro Passos Coelho que acordaram num plano para aumento de receitas.
Claro está, que no meio disto tudo quem tem que mais sofrer é o mexilhão, aqueles que sempre pagaram os impostos.
Assim, a meta é a descida do défice em 2010, para 7,3% e em 2011, para 4,6% à custa do aumento de receita.
Aumento de um ponto percentual em cada uma das taxas do IVA; uma taxa extraordinária de 2,5% sobre as empresas com um lucro tributável de IRC de ou superior a dois milhões de euros; uma redução de 5% dos salários dos políticos, gestores públicos e afins; uma taxa extraordinária de 1% para os funcionários públicos com ordenados até 2 375 euros, ou 1,5% se superiores.
A tributação das mais valias dadas pela diferença entre as mais e as menos valias com um reporte das menos valias de três anos, tenho as minhas dúvidas que vá avante, como aliás noutras situações sucedeu. Espero que desta vez sejam tributadas, caso contrário, a equidade fiscal que deveria existir ainda fica mais beliscada.
Agora, no meio disto tudo quem é que mais vai sofrer? Quem já agora, mais aperta o cinto…
Os políticos e afins podem perfeitamente com o arrombo, mas os outros?
Os bens todos mais caros, a redução nos ordenados, e , não tendo como possam fugir a este destino, são entrincheirados por causa de faltas que não cometeram. Sim, porque uma parte do défice deve-se à cobertura por parte do Estado das falcatruas de banqueiros irresponsáveis e vigaristas, valores de obras públicas que sempre derrapam, comissões, etc. etc. etc…
Quanto às empresas com lucros tributáveis de pelo menos três milhões hão-de fazer de tal modo engenharia fiscal e contabilidade criativa que não só vão pagar menos IRC por ficarem aquém daquele valor, como consequentemente não pagarão o imposto extraordinário.

Porquê que não aplicam uma taxa mais elevada aos lucros da banca? Porque se iria repercutir nos utilizadores dos serviços bancários, dizem. E então o aumento do IVA não vai repercutir-se nos preços dos bens e serviços?
Porquê que não diminuem despesas de investimento e mesmo correntes?
Porquê que a frota de automóveis dos detentores de cargos públicos em vez de ser de alta cilindrada e muitas vezes gama alta, não é um carro utilitário? Em vez de ser trocados de quatro em quatro anos que é normalmente o período de duração do contrato de leasing porquê que não se opta pela compra em vez de fazer outro contrato para novos veículos de modo a que durassem o mesmo tempo que duram os carros das pessoas normais que não vivem de aparências?
Há muito onde se possa poupar na despesa de modo a evitar entrar-se até ao fundo dos bolsos dos que já por si são sempre cumpridores em matéria fiscal.
Os faltosos crónicos serão perpetuados haja ou não crise.
Quem se trama?!!!...
Que seja ao menos para não irmos todos ao fundo do poço…




terça-feira, 11 de maio de 2010

O sonho escreverei

Sento-me na fralda dum poema
Feito serra, feito monte.
Chega ao céu, esse poema
Acima de nuvens e estrelas
Muito além do horizonte.

Apanhem-mo! Não lhe chego...
Quero ver quem o assinou
Que fazendo assim um poema
Na terra ele não cabia
E até ao céu ele chegou.

Para quê tão alto querer
Se subir não sou capaz!
Com os meus dedos trémulos
Do gelo que há no mundo
Só quero escrever um poema
De justiça, amor e paz.

Sento-me na fralda dum sonho
E pelo sonho subirei...
Poema mais alto que monte
Mais íngreme que é a serra
Porque o sonho escreverei...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Porquê rouxinol?!

Partiste sem ao menos me deixares o endereço.
Fiquei só, entregue ao o meu sonambulismo das madrugadas infinitas, sem companhia no jardim quando por lá ando.
Sinto-me desamparada, quando sem a tua presença deambulo, fintando a noite, enfrentando o escuro, escondendo nos bolsos os medos.
Acaso pensas que não tenho medos!?
Sentem-se surdos os meus ouvidos sem a melodia a que durante tanto tempo me habituaste.
Porque partiram os rouxinóis das árvores da vizinhança e que eu ouvia cantar à desgarrada?
Porque me deixastes rouxinóis, precisamente agora que preparei a terra onde há-de crescer um manto verde e tratei das roseiras. E as rosas, aquelas que agora floriram, nem as rosas vos prenderam!?
E tu rouxinol triste, tu que vivias nas traseiras do meu quintal em cima da gigantesca ameixeira, que cantavas dia e noite, umas vezes com uma profunda tristeza para logo a seguir apagares as minhas dores com o teu alegre canto!?
Porque me deixaste rouxinol!?

domingo, 2 de maio de 2010

Eu pari um filho


Eu pari um filho
Num Maio qualquer
Num qualquer dia
Neste país
Que eu nem conhecia!

Eu pari um filho
E nem pude gritar
Porque ainda mal parido
Eu fui trabalhar...

Eu pari um filho
E ninguém sabia
Que esse filho
Tinha que mamar...

Eu pari um filho
E esse filho mamava
A teta saída
De uma seara...

Escaldava o leite
O pouco que dava
E ninguém sabia
O que o filho mamava.

Até que houve um Maio
Em que pude gritar
O que ao parir
Tive que calar...

Gritei de vitória
Gritei alegremente
Eu pari um filho
Um filho que é gente!

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