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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Perfumes da madrugada


Nem sabes quanto te adoro Primavera, quando na madrugada te recebo no jardim orvalhado.
Chega-me a luz do candeeiro lá de fora, misturada com uma luz difusa da aurora, ténue, muito discreta, quase noite.
Caminho pelos passeios sonâmbula, daquele acordar fora de horas. Vou seguindo perfumes, reconhecendo tudo como se fosse um cego e tudo fosse tateando: Esta é a roseira de rosas vermelhas, aquela a de cor do chá, a outra ali é grená e a outra à frente cor de coral.Mal distingo as cores a esta hora.
Aproximo-me da laranjeira com suas flores de cera, cândidas, perfume doce intenso quando misturado com o jasmim de flores brancas e frágeis que por ela trepou.
Sigo os goivos e quase que me estonteio com perfume exagerado de tão intenso à noite.
As glicínias já perderam as flores e delas brotam ramos verdes, dançando com a brisa, como se fossem esmeraldas no peito de bailarina.
Tude dorme: as abelhas deram descanso às flores e, o despertador dos pardais ainda não tocou, àquela hora precisa. São eles que dão o arranque ao ruído do dia.
Onde será que dormem as abelhas? Será que têm uma colmeia por perto? Os pardais são vizinhos ali na árvore de maior copa, em frente.
Tudo dorme excepto nós, eu e os rouxinois. Eu aos ziguezagues sonambula, eles, despertos. Às vezes penso que os rouxinois não dormem; oiço-os todo o dia e, de noite quando me deito e quando acordo, mantem-se a melodia.
São três ou quatro, repartindo os sons pelo espaço, uns aqui ao lado numa árvore, outros mais distantes. Respondem aos cantares sem sobreporem as vozes como se estivessem a cantar à desgarrada.
Sento-me num banco, a cadela observa-me e mantem-se em silêncio. Junto dela sinto mais segurança nas madrugadas em que deambulo pelo jardim, quando, depois de poucas horas de descanso, acordo sempre à mesma hora, tal e qual como os pardais.
Ouço, atenta a todos os sons como se estivesse a ouvir uma orquestra filarmónica com uma infinidade de instrumentos cada um com o seu som característico.
Assim são os rouxinois, uma orquestra com vários instrumentos, uns com sons tristes, outros alegres.
Ali estou, enroscada no roupão suave de veludo. É sempre fresca a madrugada em Sintra.
Antes do dia clarear vou-me deitar, talvez o sono regresse e, em sonhos continue a ouvir os rouxinois...

2 comentários:

  1. Menina porque será que toda a gente escreve sobre a primavera, no meu livro que vai ser posto a venda para a semana, lá tem primavera em flor, toda a gente gosta da primavera, porque mais colorido e o chilrriar das passarinhos.
    Um beijo
    Santa Cruz

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  2. Tudo é belo Primavera tal como na Primavera da vida.
    Obrigada pela passagem,

    Adelaide

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