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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Amigo

Podia falar-te de madrugadas que me escaparam debaixo dos pés como se o chão fosse de casca de banana e me tivesse estatelado.
Podia-te falar das guerras travadas entre os cantares constantes de grilhos e cigarras e que me ensurdeciam a infância solitária no fundo dum vale cravado de medos.
Podia falar-te das guerras que então não conhecia com o significado de guerras que hoje sei...
Só conhecia as guerras da História e, de tão distantes no tempo, para mim eram guerras de brincadeira, luta corpo a corpo como quando eu jogava à luta com as crianças da minha idade. O que ficasse por baixo e de lá náo conseguisse sair, perdia a luta.
Ao ler o livro de História, elegia o meu heroi, espicaçava-o para que vencesse. Com o decorrer da leitura às vezes o heroi era derrotado e, com essa derrota, eu sentia-me destroçada.
Depois passava para outra guerra e era mais uma desilusão ou mais uma glória, mas, fosse qual fosse o vencedor, não corria sangue nas minhas guerras.
Como eram inócuas as minhas guerras!...
Podia-te falar das guerras da minha alma na adolescência e dos tratados de paz que mais tarde assinei e das juras de desarmamento.
Podia falar-te das guerras que hoje avassalam o mundo sem que se compreendam as causas, se é que alguma vez se podem compreender as causas das guerras. Estas sim, são guerras cruéis, matando quem cálha, mesmo que esse alguém deteste a guerra e nela não estivesse a participar.
Sim, podia falar-te delas, destas guerras que já não são corpo a corpo, podia, mas não quero pelo muito que me doi!...
Ah, se eu pudesse assinar tratados de paz e obrigar a juras de desarmamento!
Desarmava a humanidade!...

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