Acerca de mim

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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Disse ela um dia

Chegaste no tempo dos sonhos dourados, das flores em botão, das brisas frescas...
Chegaste numa manhã de orvalho nos meus seios.
Imaginaste-me desnuda no mar fechado, concha viva que não abriste.
Nem sabes por quanto tempo senti o doce dos teus beijos nos meus lábios já dormentes, as dores nas mãos caídas que seguraram o ramo de laranjeira murcho do qual restavam apenas troncos secos, o peso do tule a sair dos cabelos negros, enegrecido pelo tempo, a vergonha pelo vestido bambo na magreza de ossos espetados.
Nem sabes a dor que senti no peito quando me deixaste plantada num vaso de flores ao lado da igreja, o padre com as hóstias no cálice, o livro das promessas na mão à tua espera, os convidados com fome do almoço, as jovens a imaginarem-se, uns e outros a imaginarem-se noivos. Eu plantada no vaso do jardim da igreja,... dá azar o noivo ver a noiva antes da chegada ao altar.
Azar tivera eu dez meses antes, quando te conheci. Tão imbecil que eu fui, irresponsável tu por teres acreditado no herói que te confessou já ter dormido comigo. Mentira, grande mentira, agora te digo, macho ignorante a cheirar a cavalo. Nem sei porque te maltrato enquanto olho para as cinzas do ramo de laranjeira esquecidas no canto do quintal, daquele ramo que ao contrário de ti, eu merecia. Queria oferecê-lo à virgem, ali no altar, todos a testemunhar a virgindade perante a Senhora Virgem.
Parva que eu fui por ter ficado plantada na vida, a chorar-te durante anos, a chorar o único amor, o primeiro amor, como se o primeiro fosse o mais intenso, o único, o único possível.
Agora te digo, nem sei porque falei hoje nisto,... que o melhor amor é o último, aquele que nos segura as mãos até um dia, até um dia qualquer...
Que já tinha dormido com outro,... referiu ela mais uma vez na carta que mentalmente lhe escreveu.
E se tivesse??!! Eras tu por acaso casto???!!

1 comentário:

  1. O amor parece ser o tema eterno, o tema de todos aqueles que aspiram a exprimir-se quer literária quer idealmente. Mas não é um tema fácil, Adelaide Monteiro. Nada fácil porque, de certo modo, a história da literatura é a história das histórias do amor através dos tempos. Provavelmente e apesar de Tristão e Isolda, de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês, de todas as mais conseguidas sagas do amor, ainda ninguém esgotou o tema... Sigo com simpatia a sua tentativa.
    Orestes

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