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Sintra/Miranda do Douro, Portugal
Gosto de pintar,de escrever e de fazer trabalhos manuais.Sou simples e verdadeira. Tenho que pôr paixão naquilo que faço, caso contrário fico com tédio. Ensinar, foi para mim uma paixão; escrever e pintar, continua a sê-lo. Sou sensível e sofro com as injustiças do Mundo. A minha primeira língua foi o Mirandês. Escrevo nessa língua no blog da minha aldeia Especiosa em, http://especiosameuamor.blogspot.com em Cachoneira de Letras de la Speciosa e no Froles mirandesas.

domingo, 22 de novembro de 2009

Fascínio

Um sábado de Outono com cheiro a Inverno: chuvoso, húmido, frio.
De vez em quando apetece-me ver o mar; quem lê o que escrevo, apercebe-se facilmente do fascínio que o mar exerce sobre mim. Não posso dizer que seja uma paixão embrionária, com cordão umbilical ainda por cortar. Afinal de contas só toquei a água do mar quando tinha dezanove anos. Digamos que foi uma paixão à primeira vista.
A primeira ida à praia valeu-me uma insolação. O fascínio à mistura com a falta de experiência relativamente aos perigos que a minha pele tão branca e rosada corria, chegada a Moçambique pouco tempo antes.
Perdoei-lhe a insolação e no fim de semana seguinte, lá estava eu a chapinhar na água, como uma criança.
O mesmo fascínio ainda hoje sinto, muito embora permaneça na praia pouco tempo, pelos perigos que hoje em dia se correm, incomparavelmente superiores aos de então, tudo devido à forma como temos vindo a tratar o belo planeta azul.
Hoje fiz-lhe uma visita, curta, certa de não correr o risco de insolação.
Fiz um pequeno percurso de carro, não mais que quinze quilómetros, julgo eu, até à praia de S. Julião, atravessando algumas belas e típicas aldeias de Sintra. O dia convidava à lareira, mas ainda assim preferi dar uma voltinha debaixo de uma atmosfera que se assemelhava a Natal.
O limpa pára-brisa do carro andou num rodopio. Apesar disso, fui admirando a paisagem da região saloia.
O céu era prateado, carregado de nuvens desejosas de despejarem a chuva, para logo a seguir se irem abastecer ao mar, ali tão perto.
Mal se podia vislumbrar a paisagem nitidamente para além de curta distância, devido ao manto de fino nevoeiro; as casas mostravam-se esbatidas, quais aguarelas pintadas em cores pastel muito suaves.
A estrada começou a ser em declive e com algumas curvas, sinal que o mar estava perto. Estávamos a contornar o monte que do lado do mar se transforma em falésia escarpada.
Dois bares: um junto à areia, outro, o meu preferido, lá no alto, à altura ideal para ver o mar relativamente perto, sem que se correr o risco de levar com as ondas.
O mar de Sintra, agitado, raivoso, a espumar.
Já o tenho observado em dias de Inverno, que de tão zangado, as suas ondas batem de tal forma contra os rochedos, que, em cima se cria uma chuva miudinha.
As cadeiras da parte exterior, em cor laranja e verde abacate esperam melhores dias, dias sem chuva e soalheiros. Lá dentro, a salinha com vista directa para o mar estava fria; aberta no Verão, o sistema de transformação para o tempo frio não é de todo eficaz.
Um café quente com uma queijada de Sintra, fresquíssima, diga-se, para aquecer um pouco.
Sentada estrategicamente para melhor ver a ondulação, ela vinha de encontro ao meu olhar. A quase imperceptível linha do horizonte era cinzento escuro, tão escuro como era o mar que lhe ficava perto, depois, a ondulação caminhava majestosa, a rebentar de espuma. O mar assemelhava-se a um manto gigantesco de tule branco a remexer em harmonia, tais bailarinas clássicas dançando ballet ao som das ondas.
A chuva ainda caía.
Despedi-me do mar.
Respirei fundo e levei em mim o cheiro a maresia.

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